Coisas que aprendo no Caminho fala de lições do dia a dia. Ensinamentos do Mestre,aprendizados, sonhos, situações e momentos que fazem parte da minha vida. Uma caminhada de reflexão e compartilhamento, onde espero dividir as Coisas que Aprendo no Caminho. (Pr. Welington Alves)







quarta-feira, 4 de julho de 2012

O poder da mesa e a importância da refeição em família


A mesa. Para alguns, apenas uma peça do mobiliário doméstico que serve para compor um ambiente da casa e deixá-lo mais bonito. Para outros, um local cômodo e rápido para depositar tudo o que se traz da rua e se empilham diversas coisas.

Mas um fato é certo. Quando o indivíduo utiliza a mesa para a comunhão por meio do alimento, ele desenvolve uma mente mais inteligente, espírito mais forte, corpo mais saudável e torna-se uma pessoa mais feliz. A autora Devi Titus traz à tona esse assunto no livro “A Experiência da Mesa”. Com o intuito de levar o leitor a descobrir relacionamentos mais profundos e significativos, Devi defende que a mesa tem um impacto significativo sobre a alma. Ela trata os instantes à mesa como um tesouro que, ao ser aplicado na hora certa, pode resultar em novos níveis de satisfação nos relacionamentos.

A vida moderna, o excesso de compromissos, o tempo escasso e também a negligência têm sido os grandes responsáveis pela perda desse momento, que pode ser considerado sagrado. O ritmo acelerado da sociedade contemporânea ocasiona a perda de uma comunicação de qualidade e o enfraquecimento das relações interpessoais. Assim, a família, a comunidade e até a nação acabam sofrendo as consequências da desagregação.

Através do princípio da mesa, a autora, que é uma das mais reconhecidas conferencistas e escritoras cristãs da América do Norte, destaca que o simples fato de abandonar um hábito como o de sentar-se à mesa e compartilhar a refeição faz com que o indivíduo acabe por se esquecer de valores considerados fundamentais na vida familiar. “Não existe experiência de vida que substitua a conexão e o significado criados ao comermos juntos à mesa”, resume ela. O importante é a troca de afeto. E isso é o que constrói uma família.

Incrementar esse momento diante da mesa potencializa a comunicação entre os membros da família, pois quando todos têm a oportunidade de se posicionar face a face, a compreensão da escuta e da fala se iguala, promovendo comunhão e momentos inesquecíveis que, com certeza, irão trazer crescimento e serão lembrados para sempre.

Na Escritura Sagrada, há relatos que se referem à mesa desde o Velho Testamento. A primeira vez que a palavra é usada na Bíblia é em Êxodo 25. Nesse capítulo, Deus entregou a Moisés instruções muito detalhadas sobre o mobiliário a ser colocado no Tabernáculo, o primeiro lugar oficial de reunião para o Seu povo. Há registros de ocasiões importantes em que o encontro à mesa resultava não apenas no partilhar do pão, mas também na transmissão de doutrinas, valores, ideais e posturas, fato também comprovado pela ciência. Estudos realizados por universidades da Alemanha, Estados Unidos e Grã-Bretanha afirmam que esse momento ajuda na organização social, na imposição de limites, no enriquecimento das relações interpessoais e do vocabulário.

SANTA MESA

Pensando na realidade bíblica, vale a pena observar a experiência de Jesus com os discípulos. Um dos elementos pedagógicos usados por Cristo para ensinar e transformar a vida de 12 homens com histórias e vivências diferentes foi a reunião em torno da mesa. Nesse lugar especial, Jesus teve seus pés ungidos por uma mulher e ensinou que quem sabe o quanto foi perdoado consegue expressar um coração mais grato e adorador (Lucas 7:37).

Em outra ocasião ao redor da mesa, Jesus celebrou a ceia com os discípulos, e mesmo sabendo que Judas O trairia, não o privou daquele momento, aproveitando o ensejo para ensinar que ali é um lugar de acolhimento. O Filho de Deus estava sempre cercado por um grupo, fosse grande ou pequeno, e utilizava elementos comuns à mesa daquele tempo para ilustrar ensinamentos simples e profundos.

O livro de Atos, capítulo 24, relata que, ao ressuscitar, Jesus aparece no caminho de Emaús para os discípulos, que só percebem que quem estava com eles era Cristo quando param para jantar. E lá estava novamente a mesa. Também ressurreto, Jesus aparece aos discípulos em um jantar na praia e, nesse encontro, Ele restaura Pedro. A mesa foi um lugar especial na vida diária do Salvador. Dessa forma, ela também pode e precisa ser um lugar especial para a edificação familiar hoje.

O psicólogo e pastor da Igreja Presbiteriana Filadélfia, Iranildo Ferreira, é casado há 12 anos com Tárcia. Com a chegada do pequeno Gustavo há pouco mais de um ano, o casal passou a observar que um momento interessante de ensinar valores ao filho era durante as refeições. Por isso, considerou o quão necessário era estabelecer na rotina da família o hábito de ter esse momento de comunhão à mesa.

Além de o casal ter que cumprir suas atividades profissionais, Gustavo passou a frequentar a creche e, com isso, a família ficou privada da presença um do outro pela maior parte do tempo. “Seguindo os princípios bíblicos, identificamos o poder da celebração ao redor da mesa, justamente quando nos demos conta de que estávamos reféns de nossos compromissos externos e insensíveis aos compromissos dentro de casa”, verificou Iranildo.

Uma vez constatado isso, a celebração em família passou a fazer do encontro um momento em que simultaneamente pais e filho dispõem ali de um alimento para a vida e para o reforço dos laços amorosos. A vivência partilhada torna o ser humano mais próximo, resultando na conquista de uma intimidade semelhante à do encontro pessoal que Adão e Eva tinham com Deus diariamente no Jardim do Éden.

A mesa é também um sinal de alegria e comunhão (Ap 3:20). Na parábola do filho pródigo, vê-se que ele não sentia saudade das viagens, das faculdades pagas pelo pai, mas que recordava com alegria os momentos em torno da mesa e da presença familiar (Lucas 15:17). Além disso, é bom ressaltar que o ápice da reunião cristã é a ceia, ou seja, mais uma vez a mesa está representada.

Nos momentos em que Jesus não estava presente em forma humana, Ele ensinou que o pão seria a figura que O representaria, permaneceria como peça central da mesa e como forma de enfatizar a presença sobrenatural e redentora de Sua existência. “Não é apenas comer à mesa que faz a diferença. Comer à mesa com a presença da graça é o que importa”, ensina Devi, destacando que ali é um lugar para edificar e não para destruir.

CIÊNCIA A FAVOR DA RELIGIÃO

A hora da refeição é considerada por psicólogos, psicopedagogos e pediatras muito importante para a educação, não só alimentar, mas psicológico-existencial das crianças. A socióloga alemã Ângela Keppler conduziu uma pesquisa com 300 famílias alemãs, onde se demonstrou que famílias que optam pelo velho hábito de conversar durante as refeições, em vez de assistir à televisão, obtêm maior harmonia e fluidez em suas relações. A socióloga chegou à conclusão de que uma das melhores terapias familiares é a comunicação à mesa.

As comprovações científicas não param por aí. Estudos da Escola de Pedagogia de Harvard, nos Estados Unidos, revelam que quem compartilha regularmente as refeições com a família, além de comer melhor, tem maior bem-estar físico e emocional. No Centro Nacional de Dependência e Abuso de Drogas da Universidade de Columbia (EUA), foi descoberto que quanto mais refeições são feitas junto com os pais, mais os filhos se dão bem na escola e atrasam a iniciação sexual; além de ter menos probabilidade de beber, fumar, usar drogas, ficarem deprimidos, brigarem ou desenvolverem distúrbios alimentares.

Um levantamento realizado em 2007 com 20 mil alunos ingleses de 16 anos demonstrou uma forte relação entre refeições regulares à noite com a família e o bom desempenho no exame escolar feito por todos os secundaristas da Grã-Bretanha. Ainda na Grã- Bretanha, segundo os dados da pesquisa, que foram recentemente publicados pelo departamento de “Crianças, Escolas e Famílias” do governo britânico, constatou-se que os melhores resultados estavam entre os filhos de famílias que se reuniam para jantar.

Outra pesquisa realizada pela Universidade de Harvard, dos Estados Unidos, mostrou que a criança que se senta à mesa com os pais alimenta-se melhor em comparação aos coleguinhas que comem sozinhos. Ainda em outra análise, com 16 mil crianças de nove a 14 anos, as frutas e vegetais aparecem quase duas vezes mais no prato daquelas que fazem as refeições com a família ao redor da mesa.

Esse fato foi comprovado pela família Pelição. Membros da Missão Evangélica Praia da Costa, os pais, João Batista e Vanuza, passaram a se incomodar ao ver suas crianças almoçarem vendo televisão. “Há cinco anos sentamos todos à mesa. Isso ocorre no café da manhã, almoço e jantar. As crianças passaram a comer alimentos que antes não comiam. Incentivamos também a autonomia, a partir do momento em que permitimos que se sirvam sozinhas, além de fazermos a oração e lembrarmos que o alimento é dado por Deus”, explica Vanuza.

De acordo com a mãe, as crianças não comiam determinadas preparações e, quando começaram a ver o exemplo dos pais, animaram-se a experimentar e aceitar determinados alimentos. “Comer juntos à mesa é um ato de decisão, é necessário pulso firme e persistência”, resume. Para atrair ainda mais a família e vencer a batalha contra a televisão, Vanuza conta que varia a forma em que a mesa fica disposta e que, inclusive, fazem piqueniques em outros cômodos da residência, proporcionando um momento diferente, alegre e descontraído, colocando em prática o que Devi Titus orienta: “sua mesa deve sempre ser vista como um lugar feliz, de interação, calor humano e aceitação.”

REFEIÇÃO INOVADORA

Buscar meios alternativos, semelhantes e tão eficientes quanto a forma tradicional de se assentar a uma mesa faz parte do bom hábito neste processo. Fabio Hertel, membro da Missão Evangélica Praia da Costa e diretor de Comunicação e Novos Negócios da Hortifruti, porém mais conhecido como “the table man”- já que fala tanto sobre o assunto -, ressalta que esta é uma semeadura com colheita perene, mas não instantânea.

The table man (o homem mesa) arrisca a dizer que, talvez por isso, essa sociedade imediatista não veja tantas vantagens de estar em família à mesa. É uma relação como outra qualquer, e como tal, tem que ser aprofundada, conquistada. Sentar-se à mesa é um salto que precisa ser experimentado por toda a família. Com os adultos, é preciso informar, conscientizar e decidir: só faremos refeições à mesa. Com as crianças, necessita-se de um pouco de paciência e muita criatividade.

Fabio inova e diz que a mesa tem que ser uma atividade legal, lúdica e abençoadora. “Criei um jogo da família, com 20 prendas para serem pagas após as refeições; brincamos de jogo da velha, forca, telefone sem fio e outros passatempos. Tudo para que aquele momento seja bem divertido. Temos várias toalhas quadriculadas e fazemos piquenique dentro do apartamento. Nossa mesa tem que ser alegre”, aponta.

Os líderes de casais da Igreja Evangélica Assembleia de Deus Ministério do Aribiri, Robson e Fabiane Borges, contam que herdaram esse hábito de sentar-se à mesa com os familiares e já o aplicam no dia a dia com a sua filha, Julya, de 8 anos. Mesmo morando em uma casa pequena e tendo uma mesa de apenas quatro lugares, a família Borges faz questão de providenciar condições para que quando extrapolar o número de ocupantes, as visitas partilhem juntas desse momento sagrado que é a refeição. “Se não tivermos tempo para a esposa podemos nos distanciar e esquecer que nos amamos. Se não tivermos tempo para nossos filhos, o traficante tem. Por isso o mundo que está cada vez mais perdido e todo tipo de prevenção é válida”, constata Robson.

Com relação à hora mais apropriada para se organizar esses encontros, a dica de Fábio é que os pais sejam flexíveis, coerentes, mas resolutos. Quanto mais, melhor. E qualquer momento, ou qualquer refeição, é uma oportunidade para se divertir à mesa. “Estar com a família é sempre bom, mas a mesa é um altar que precisa ser restaurado dentro de nossas casas. Sob este aspecto, nada pode substituí-la. Aconselho que se comece aos poucos e se vá avançando na prática de se reunir à mesa”.

É como uma disciplina devocional. Não deve ser encarada como um castigo, mas como uma bênção de Deus. É um tempo mágico, de encontro com quem se ama. A mesa é muito democrática, adultos e crianças ficam mais ou menos da mesma altura. The table man relembra que as cinco maiores religiões do mundo – judaísmo, islamismo, budismo, hinduísmo, e cristianismo – recomendam as refeições familiares.

“Creio também que é uma vereda antiga, um princípio de Deus que foi se perdendo”, reconhece. Um dos piores momentos da vida de Israel foi quando cada um fazia o que queria de forma isolada. Cada um fazia o que achava mais reto (Juízes 21:25b). O texto não fala que o povo fazia coisas erradas, mas o que achava bem aos seus próprios olhos, sem vínculo ou comunhão. “Quando a família não se encontra à mesa, o povo não se encontra como nação”, resume Fabio.

Para encerrar, a autora Devi Titus faz uma convocação aos leitores: “Se quisermos preservar e proteger nosso lar, casamento e nossa família, desfrutar do potencial escondido que estamos perdendo e restaurar um princípio fundamental que o próprio Senhor estabeleceu há milhares de anos, então, é hora de arrumarmos a mesa!”.

Fonte: Revista Comunhão

Número de divórcios no Brasil é recorde e problema atinge a Igreja



“O que Deus uniu o homem jamais separe!”. Ao que parece, essa sentença nunca esteve tão ameaçada quanto nos dias de hoje. O casamento, como instituição sagrada, imutável e indissolúvel, vem perdendo prestígio por conta de um conjunto cada vez maior de circunstâncias.

No Brasil, o fim da exigência de prazos para dissolução legal dos casamentos fez com que a taxa geral de divórcios atingisse, em 2010, o seu maior patamar desde 1984, quando foi iniciada a série histórica das Estatísticas do Registro Civil, divulgada recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atingindo 1,8 por mil habitantes entre pessoas de 20 anos ou mais. Ainda de acordo com o Instituto, entre 1990 e 2007, ou seja, em apenas 23 anos, a taxa de divórcio cresceu 200%.

Embora não haja nenhuma pesquisa específica que aponte os números de separações entre evangélicos, é possível supor que o problema atinja também esse segmento da sociedade em proporções inéditas. Basta que o leitor observe sua própria congregação. Dificilmente não haverá casamentos desfeitos em sua igreja. Mas, quais são os fatores causadores desta situação, que afeta em cheio as famílias brasileiras? O que diz a Bíblia sobre o divórcio? Como agem as organizações evangélicas destinadas a ajudar os casais em crise?

Segundo especialistas em terapia de casal ouvidos pela reportagem da revista Comunhão, os problemas que mais afligem a vida a dois – mesmo a dos casais evangélicos – são aqueles relacionados a dificuldades financeiras, relacionamentos conflituosos com a família de origem, vida sexual, saúde debilitada e decepções. Falta de diálogo e infidelidade conjugal também são reclamações constantes. Por esse prisma, a tecnologia vem contribuindo em muito com o aumento do número de divórcios no mundo, seja afastando os casais de uma convivência real em favor do mundo virtual, seja abrindo oportunidades perigosas ou angariando provas da infidelidade do homem ou da mulher.

A proliferação de câmeras digitais e smartphones, aliada à popularização das redes sociais, fazem com que os cônjuges infiéis tenham mais dificuldade em escapar incólumes, tendo um papel cada vez maior nas separações de casais, segundo advogados especializados em divórcios. Embora não se consiga medir com exatidão a relação entre essas ferramentas e o fim das relações, a Associação de Advogados Matrimoniais dos EUA estima que as publicações no Facebook já correspondam a 20% das provas apresentadas por cônjuges do país na hora da separação, de acordo com pesquisa divulgada neste mês de março.

O pastor Cláudio Almeida dos Santos, que há três anos vem realizando encontros para casais em sua igreja, a Assembléia de Deus Missão Shekinah, em Vila Velha (ES), aponta outro fator que causa graves problemas nos relacionamentos de hoje: as expectativas irreais que um tem sobre o outro. “Ou seja, as pessoas esperam do seu cônjuge aquilo que ele não pode dar e, com o passar do tempo, começam a achar que fizeram a escolha errada, ou mesmo que não estavam preparados para assumir um compromisso tão sério”, explica o pastor.

Curiosamente, o próprio Cláudio quase terminou seu casamento anos atrás, devido a outro grave problema social: “Sou alcoólatra. Estou liberto desse vício desde que me converti. Mas, na época, minha esposa, Sonia, inúmeras vezes pensou em sair de casa. Nunca nos agredimos fisicamente, mas com palavras eu a fiz sofrer muitas vezes. Eu dormi muitas vezes na rua, sem condições de chegar em casa”, revela.

A tragédia causada pelo alcoolismo só foi evitada porque Cláudio se converteu ao Evangelho. Mas, conta ele, uma mudança profunda no relacionamento com a esposa levou mais tempo e outro tipo de “processo interno”. Cláudio relata que levou mais de 20 anos para encontrar a verdadeira harmonia no casamento: “Estamos casados há 28 anos, mas sempre vivemos uma vida de muitos conflitos. Cheguei a pensar em me separar, a abandonar tudo, mas o temor a Deus, e o medo de voltar à vida que eu tinha antes de me converter, me fizeram procurar ajuda. Somente há cerca de quatro anos conseguimos resolver nossos problemas, graças a muita terapia e orações. Tem de ter esperança e paciência para vencer essa batalha”. O pastor conta que, a partir de sua própria experiência, iniciou seu ministério com casais baseado na seguinte premissa: “O que Deus uniu, o homem, os parentes, a vida financeira, a saúde…nada pode separar!”

Separar ou não, eis a questão…

Há vários textos bíblicos que apoiam os argumentos daqueles que defendem a tese de que o casamento é indissolúvel. Em Mateus 19, o próprio Jesus responde às perguntas dos fariseus acerca do divórcio: “E aconteceu que, concluindo Jesus estes discursos, saiu da Galiléia, e dirigiu-se aos confins da Judéia, além do Jordão; E seguiram-no grandes multidões, e curou-as ali. Então chegaram ao pé dele os fariseus, tentando-o, e dizendo-lhe: É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo? Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que aquele que os fez no princípio macho e fêmea os fez, E disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem. Disseram-lhe eles: Então, por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio, e repudiá-la? Disse-lhes ele: Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas ao princípio não foi assim. Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de fornicação, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério”.

O apóstolo Paulo, em sua primeira carta ao povo de Corinto, também fala sobre o tema de forma inflexível, no capítulo sete: “Todavia, aos casados mando, não eu mas o Senhor, que a mulher não se aparte do marido. Se, porém, se apartar, que fique sem casar, ou que se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher. Mas aos outros digo eu, não o Senhor: Se algum irmão tem mulher descrente, e ela consente em habitar com ele, não a deixe. E se alguma mulher tem marido descrente, e ele consente em habitar com ela, não o deixe. Porque o marido descrente é santificado pela mulher; e a mulher descrente é santificada pelo marido; de outra sorte os vossos filhos seriam imundos; mas agora são santos. Mas, se o descrente se apartar, aparte-se; porque neste caso o irmão, ou irmã, não está sujeito à servidão; mas Deus chamou-nos para a paz. Porque, de onde sabes, ó mulher, se salvarás teu marido? ou, de onde sabes, ó marido, se salvarás tua mulher?”.

O texto é claro, mas não resolve o problema de quem sofre dia a dia com uma convivência difícil. Em grande parte, quando se chega a esse ponto, já não há mais amor entre os cônjuges. Então, a solução seria viver uma vida acorrentado à tristeza, abrindo mão assim da possibilidade de uma vida supostamente mais feliz? Diretor e conferencista do Oikos, ministério cristão de apoio à família, Gilson Bifano diz que a argumentação de que o amor acabou e, em consequência, não há por que lutar para reatar o casamento, não condiz com a realidade do problema.

“O amor acaba porque os casais não o alimentam. Amar é uma decisão. Todos os dias deve haver disposição de amar o cônjuge. O abandono do casamento não é da vontade de Deus, especialmente para os casais cristãos. Eu diria que os casais com dificuldades deveriam lutar pelo casamento, procurar ajuda através de um aconselhamento, ou uma terapia. Se os casais lutarem por seus casamentos, teremos, com certeza, menos divórcios” diz ele, de forma simples.

Com a mesma esperança na restauração, por vezes milagrosa, o pastor Narciso Marques, coordenador do ministério Casados Para Sempre, da Igreja Batista de Lagoinha, em Belo Horizonte (MG), diz que receberá aproximadamente 200 casais, divididos em 33 grupos, apenas no primeiro semestre deste ano. O ministério tem diversos programas para o fortalecimento da vida a dois daqueles que querem prevenir uma crise ou mesmo para aqueles que já vivem uma realidade dolorosa. Há encontros, acampamentos de casais e oportunidades para aconselhamento individual e, até mesmo um curso de finanças para a família – área que costuma gerar muitos conflitos.

“Recebemos casais com todo tipo de problemas, não dá nem para descrever. São coisas inusitadas até, desde casos em que o casal não consegue tirar o filho já crescido da cama deles até os que se separaram devido aos filhos terem graves problemas com drogas. Há aqueles que já estão com aos papéis do divórcio em andamento. Mas, não importa a situação, se houver o interesse e empenho dos dois, a coisa é reversível, por mais caótica que seja aos olhos do homem. Deus age. É isso que nos diferencia de outros grupos de apoio não crentes. Nós, evangélicos, contamos com a intervenção divina!”.

Já o pastor Julio César de Araújo, um dos líderes do ministério Casados Para Sempre criado pela Igreja Evangélica Congregacional do Brasil, destaca, do alto de seus 11 anos de experiência no treinamento de casais e de conselheiros matrimoniais, a preocupação com os efeitos sobre a família que, ele afirma, pode ser afetada de uma forma muito traumática: “Quando há a quebra de aliança com Deus e, por consequência, a separação do casal, vai haver uma série de transtornos na família, seja pela ausência da figura do pai ou da mãe, principalmente quando as crianças são pequenas, na primeira infância. Isso afeta demais o lado emocional e o espiritual das crianças. Tem gente que diz que, após se divorciar, a convivência com os filhos melhorou, mas isso não existe, é balela. Filhos de pais separados têm dificuldades que, por vezes, se manifestam por toda vida”, diz.

O pastor Julio vê com bons olhos o aumento do número de casais que estão optando pela guarda compartilhada – conforme levantamento do IBGE o número de casais que concordou em ter a guarda compartilhada de seus filhos (menores de idade) subiu de 2,7%, em 2000, para 5,5% em 2010 – mas diz que a medida não soluciona o problema: “É claro que ela diminui o trauma da separação, que minimiza os danos emocionais da ruptura familiar, mas isso não pode ser visto como uma solução definitiva. A solução é amparar as famílias para que elas não se dissolvam”, alerta o pastor.

Fonte: Revista Comunhão